Em São Miguel, foi nas Capelas que a indústria baleeira teve teve maior expressão, como é comprovado num conjunto de locais de visita obrigatória.
Presume-se que a atividade baleeira, em São Miguel, tenha começado em meados da década de oitenta do século XIX, precisamente no local designado de Calhau Miúdo. É onde começamos um percurso pedestre, com uma primeira paragem no conjunto de 18 pias onde outrora as mulheres lavavam a roupa de olhos postos nos rapazes e homens que, um pouco mais abaixo, arriavam e desmanchavam baleias para as transformar em óleo, sustento precioso para muitas famílias.
Prosseguimos, com vista para o ancoradouro natural do Calhau Miúdo, até ao que resta do traiol do Sr. Câmara, onde terá funcionado a primeira fábrica da baleia de São Miguel, pertença da Companhia Velha do Sr. Câmara, onde se procedia àqueima e ao armazenamento do óleo de baleia ali produzido.
Descemos até ao Porto das Capelas para ver a antiga rampa de varagem. Por ser uma rampa estreita, as embarcações de pesca local eram obrigadas a estacionar de forma a deixar o caminho aberto à rápida passagem dos botes baleeiros que se lançariam ao mar em busca de baleias. No Porto das Capelas, pode ainda ser vista a antiga Casa dos Botes, local onde eram guardadas as embarcações e toda a palamenta associada sobretudo à atividade piscatória.
Continuamos o percurso, passando pela Casa dos Baleeiros, ponto de encontro de armadores, mestres e baleeiros que de dedicavam à caça da baleia, mais tarde também conhecida como “casa do telefone”, por serem aqui recebidas, por via telegráfica, as mensagens de “baleia à vista” provenientes das diversas vigias a norte da Ilha. Seguimos até ao Monumento de Homenagem ao Baleeiro das Capelas, erigido em frente à Igreja Matriz – consagrada a Nossa Senhora de Lurdes, protetora e padroeira dos baleeiros dos Açores, em honra da qual, anualmente, a população organiza um cortejo processional pelas ruas desta Vila. O monumento fica junto à Junta de Freguesia de Capelas, local onde o visitante poderá ver uma pequena exposição de fotografias e alguns objetos alusivos à história da faina baleeira em São Miguel.
O percurso pedestre termina com a visita à Vigia do Morro das Capelas, construída num local privilegiado para a observação de baleias, na costa Norte da Ilha, tarefa fundamental para o sucesso de toda a atividade.