A importância do porto da vila do Topo como ponto estratégico para o estabelecimento das comunicações marítimas entre São Jorge, Terceira e Pico, intensificou-se com a instalação da primeira armação baleeira são-jorgense precisamente neste local.
A azáfama vivida outrora no porto da vila dependia dos sinais de “baleia à vista” comunicados a partir da Vigia do Outeirão, local de vigilância que abrangia o mar até à costa sul da Terceira e a entrada sudoeste do canal São Jorge-Pico. Esta vigia era propriedade da armação de José Cristiano de Sousa, armador picaroto, que estacionava as suas embarcações no Topo. A nossa visita começa precisamente neste ponto, para apreciar a vista e esta pequena construção, agora restaurada pela Associação de Defesa do Património da Vila do Topo.
Seguimos até ao cais do Topo, local de embarque e desembarque de passageiros e carga, mas também onde se efetuava o desmancho dos cachalotes. O toucinho era transportado para os caldeiros, que existiam no local, com a ajuda de um guindaste. Este cais, muito transformado pelo tempo e obras de requalificação, é de paragem obrigatória para compreender a história da baleação são-jorgense.
A rampa de varagem íngreme termina numa plataforma contruída com pedra rolada. Existiam aqui diversas furnas para abrigo das embarcações, sendo que, atualmente, apenas duas delas se mantêm e são utilizadas para o mesmo fim.
Embora permaneçam algumas dúvidas sobre a existência, à época, de uma Casa dos Botes no topo desta rampa, foi aqui construído um pequeno edifício à semelhança do que seriam as antigas Casas de Botes, edifícios onde eram guardadas as embarcações, e a palamenta utilizada na faina baleeira.
Neste porto com uma vista deslumbrante sobre o mar, é ainda possível encontrar antigos baleeiros que aqui vêm nas suas muitas horas vagas, sempre prontos a recordar as incríveis histórias do tempo da baleação.