Na ilha montanha, as gentes lavraram o mar por não ter terra fértil para cultivo: as populações do Pico transformaram, assim, o mar em terra. Para melhor entender esta relação tão particular com o mar, começamos por visitar o Museu do Pico / Museu da Indústria Baleeira. Trata-se da antiga Fábrica da Baleia Armações Baleeiras Reunidas, Lda., em São Roque do Pico, sendo o primeiro museu industrial público dos Açores. Neste fundamental museu de arqueologia industrial, com caráter etnográfico, teremos a oportunidade de descobrir a Fábrica onde outrora se desenrolava o processo técnico de produção de óleo, farinha, adubos e vitaminas, a partir da transformação do toucinho, da carne, dos ossos e dos fígados de cachalote.
Se é verdade que o Pico é uma terra de fortes tradições baleeiras, não podemos também esquecer a grande variedade de atividades económicas que marcaram e marcam a “ilha montanha”, profundamente rural, onde cada “casa” se envolvia em três ou quatro atividades económicas, a baleação surgia como um grande impulso no orçamento familiar. Ademais, o clima seco e quente em relação às outras ilhas do arquipélago, em conjunção com a riqueza mineral dos solos de lava e a organização geológica em mosaicos de pedra negra – os “currais” – permitiu o crescimento da cultura da vinha, com predomínio da casta verdelho.
Para melhor entendermos esta realidade, partimos para o segundo ponto do nosso percurso, a Adega “A Buraca”, ainda em São Roque do Pico. Conhecemos este projeto de enoturismo que engloba loja, oficina de tanoeiro, tenda de ferreiro e atelier para o trabalho da palha, lã ou vime… O espaço conta, ainda, com uma cozinha tradicional onde os sabores da fruta de cada estação se transformam em compotas e doces.
Rumamos, depois, à freguesia da Madalena. O primeiro ponto de visita da tarde é o Museu do Vinho da Ilha do Pico, para descobrir mais acerca da principal atividade económica desenvolvida pelas comunidades que ocuparam a ilha, desde o seu povoamento.
Seguimos para a MiratecArts Galeria Costa para descobrir o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com a planta de nêveda. Antigamente, no Pico, as pessoas faziam licor e chás caseiros de nêveda. A MiratecArts criou, pois, a personagem “Néveda”, inspirada pela flor da planta, cujas aventuras tomaram forma nos livros infantojuvenis, produzindo, em colaboração com outras entidades da ilha, produtos alimentares e educativos. Na MiratecArts, teremos a oportunidade de experimentar um workshop com esta planta e ainda plantas tintureiras.