Numa visita a Santa Maria, a ilha mais antiga do arquipélago, o visitante será surpreendido por paisagens singulares quando comparadas com as outras ilhas, resultantes precisamente de fenómenos vulcanológicos que transformaram a sua morfologia, desde os dias mais recuados até ao presente.

O percurso começa precisamente numa das geopaisagens mais características da ilha, o Barreiro da Faneca, também conhecido como “Deserto Vermelho dos Açores”, devido à coloração vermelha intensa, que corresponde a uma antiga escoada lávica basáltica sobreposta por uma câmara de cinzas vulcânicas. Este geossítio está inserido numa zona associada ao vulcanismo mais recente ocorrido na ilha de Santa Maria.

Daqui, seguimos o belíssimo trilho pedestre “Costa Norte” até à Baía do Raposo, local onde desagua a Cascata da Baía do Raposo, curso de água que nasce nos flancos a noroeste do Pico Alto e que se precipita por 80 metros de altura. Nesta baía, existem duas azenhas, uma levada que as alimenta e um lagar, atualmente em ruínas, que comprovam a sabedoria dos mais antigos, no aproveitamento da força hidráulica como recurso associado aos trabalhos agrícolas.

Depois do almoço, prosseguimos até ao Miradouro do Pico Vermelho, um cone vulcânico formado há cerca de 3 a 4 milhões de anos, que oferece ao visitante uma das vistas mais extraordinárias sobre a ilha. Muito perto encontramos um dos geossítios mais impressionantes de Santa Maria, o Poço da Pedreira, um local paradisíaco onde somos surpreendidos pela tranquilidade da paisagem envolvente e pelo som das rãs. O Poço da Pedreira é uma antiga zona de extração de inertes, talhada num antigo cone de escórias, o Pico Vermelho, cujo nome é alusivo à coloração avermelhada da rocha que resulta da antiguidade deste cone vulcânico.

Sugerimos terminar na Baía de São Lourenço. Viramos as costas ao mar e deixamo-nos surpreender pelo espetáculo a céu aberto, bem à nossa frente. As encostas da baía são constituídas por um empilhamento de escoadas basálticas subaéreas e submarinas, nas quais foram talhados socalcos para cultivo da vinha, num trabalho árduo levado a cabo pelos antepassados açorianos e que resulta numa paisagem absolutamente única. A presença de filões, pillow lavas e da gruta de erosão do Ilhéu de São Lourenço são outros elementos de geodiversidade de grande interesse no local. Se o tempo permitir, não perca a oportunidade de aproveitar esta praia de areia branca e, claro, mergulhar nas águas límpidas da Praia de São Lourenço, de um azul turquesa digno de um postal.