A ilha das Flores, embora de dimensões reduzidas quando comparada com outras ilhas do arquipélago, concentra um conjunto de interessantes geossítios que podem ser facilmente apreciados dos inúmeros miradouros que esta apresenta. Compreender a origem desta ilha, retirada de um livro de contos de fadas, exige um olhar atento sobre a sua morfologia e as múltiplas lagoas que alimentam e embelezam a paisagem.
O percurso começa no Miradouro do Pico da Casinha, local do qual se pode apreciar um dos geossítios mais marcantes da ilha das Flores: o Pico da Sé. Este domo traquítico está encaixado entre os vales da Ribeira da Badanela e da Ribeira da Fazenda de Santa Cruz, dois dos mais importantes cursos de água desta ilha. Esta estrutura vulcânica forma-se quando a lava é viscosa e, tendo dificuldade em fluir, acumula-se diretamente sobre a conduta ou a abertura emissora, dando origem a uma forma de relevo elevada e de vertentes muito inclinadas.
Seguimos até ao Miradouro da Lagoa da Lomba, a mais distante das restantes caldeiras das Flores, a 500 metros de altitude, e também a mais pequena. O acesso às suas margens é relativamente fácil e, em dias de céu limpo, facilmente se consegue que uma fotografia pareça um postal de visita. Facilmente o visitante se sente tentado a procurar outra das lagoas da ilha, e ficará surpreendido ao descobrir que a Lagoa Funda e a Lagoa Rasa se encontram lado a lado, visíveis de um mesmo miradouro. Localizadas no setor sul do Planalto Central, estão associadas a erupções hidro magmáticas, ou seja, erupções em que o magma ao ascender contacta com água, dando origem a uma atividade explosiva. Em ambas as depressões existem lagoas que, apesar da sua proximidade, se encontram a cotas diferentes (de 360 m no caso da lagoa da Caldeira Funda e de 530 m no caso da lagoa da Caldeira Rasa). Esta é, sem dúvida uma das mais belas e exuberantes geopaisagens dos Açores.
Apesar da beleza das suas lagoas, as Flores surpreendem igualmente qualquer visitante, com uma simples paragem no Filão dos Frades. Esta muralha rochosa, que se ergue abruptamente face à região envolvente, constitui uma estrutura subvulcânica de grande interesse, que resulta de fenómenos de erosão a ritmos distintos.
Mas não ficamos por aqui e sugerimos terminar com uma paragem na famosa Rocha dos Bordões, um dos ex-líbris da ilha das Flores. Apresenta-se segundo enormes colunas rochosas, que lembram bordões feitos de pedra, e corresponde a uma disjunção prismática, associada ao arrefecimento de uma escoada lávica. Com cerca de 20 m de altura, este geossítio surpreende não só pela imponência, mas também pelo estado de conservação, tendo em conta a idade da escoada lávica que a originou, de aproximadamente 570.000 anos. A não perder!